Asma felina

Introdução

A asma pode ser definida como uma doença obstrutiva, reversível, que afecta o tracto respiratório inferior. Caracteriza-se pela hiper-reacção dos brônquios com a consequente diminuição no seu diâmetro e uma secreção mucosa excessiva, do que resulta uma grande variedade de sinais, que incluem tosse, respiração ofegante e dificuldade respiratória. Trata-se de uma afecção rara no reino animal encontrando-se apenas descrita, com estas características, nas espécies felina e humana (1).

Reconhecida pela primeira vez em 1906 (2), a asma constitui uma das doenças pulmonares mais comuns no gato, com uma morbilidade considerável e eventual mortalidade. Esta condição respiratória teve já várias designações: doença felina das vias aéreas inferiores, asma alérgica felina, bronquite alérgica aguda, doença do tracto respiratório inferior imunomediada e doença brônquica felina. Em todo o caso, deve ficar bem claro que a asma felina é provocada por uma reacção imunitária exagerada a um alergénio inalado, que induz alterações químicas e estruturais específicas na árvore traqueobrônquica. Do ponto de vista clínico, esta doença evidencia-se pela presença relativamente variável de tosse, respiração ofegante, intolerância ao exercício e dificuldade respiratória que pode instalar-se espontaneamente ou em resposta a tratamento médico (1,3,4).

Este artigo procura analisar o actual conhecimento sobre a patofisiologia da asma no gato, identificando os sinais clínicos mais frequentes e os métodos de diagnóstico disponíveis, e apresentar uma abordagem prática para o controlo e tratamento destes casos. [...]

Pontos-Chave

• A asma felina é uma doença inflamatória que afecta o tracto respiratório inferior e se caracteriza pela hiperreacção dos brônquios a diferentes estímulos.
• Na maioria dos casos, a redução do fluxo de ar resulta da combinação de inflamação, acumulação mucosa e contracção do músculo liso das vias aéreas.
• Os sintomas típicos incluem tosse, respiração ofegante, dificuldade respiratória, ortopneia, taquipneia e dispneia com esforço expiratório excessivo. Os sinais clínicos podem ser permanentes ou intermitentes, ligeiros, moderados ou graves.
• O tratamento para a asma deve centrar-se no controlo da inflamação de forma a evitar a broncoconstrição.
• A inaloterapia é considerada uma solução chave para o controlo da asma no ser humano e, actualmente, é amplamente recomendada para tratar a asma felina.
• Estão disponíveis terapias alternativas que podem revelar-se benéficas no tratamento da asma felina. No entanto, é necessária investigação adicional que permita comprovar a sua eficácia.