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Poxviridae
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Tabela de Conteúdos
Características virais
Classificação
Orthopoxvírus:
Vaccinia
Varíola
Varíola bovina (Cowpox)
Varíola felina (Feline Cowpox)
Varíola eqüina (Horsepox)
Varíola dos camelos (Camelpox)
Varíola bubalina (Buffalopox)
Varíola dos macacos (Monkeypox)
Parapoxvírus:
Estomatite papular bovina
Ectima contagioso
Pseudo-varíola bovina
Capripoxvírus:
Varíola ovina, varíola caprina
Dermatose nodular contagiosa (Lumpy Skin Disease)
Avipoxvírus:
Varíola aviária (Fowlpox)
Varíola dos canários
Leporipoxvírus:
Mixomatose
Suipoxvírus:
Varíola suína
Glossário
Os vírions de DNA de fita dupla dessa família são os maiores e mais complexos dos vírus animais conhecidos. Eles infectam muitas espécies de vertebrados e insetos. Ao contrário dos outros vírus, alguns poxvírus são suficientemente grandes para serem vistos com um microscópio óptico.
Características virais
- Grandes, envelopados (alguns vírions contêm envelope duplo), vírus de fita dupla de DNA (veja Fig. 10.1).
- O capsídeo / nucleocapsídeo tem uma forma de tijolo a ovalada contendo o genoma e os corpúsculos laterais (função desconhecida).
- O grande e complexo genoma consiste de uma única molécula linear de DNA em fita dupla que codifica aproximadamente 200 proteínas. As extremidades são ligadas uma a outra, de tal forma que a molécula de DNA é contínua, sem extremidades livres.
- Estes são os únicos DNA vírus conhecidos que completam seu ciclo de replicação no citoplasma.
- No citoplasma, o DNAds é utilizado como um molde para ambos: produção de RNAm (para tradução de proteínas) e cópias do genoma para a progênie de vírions; basicamente enzimas virais são mediadoras de ambos os processos. Como os vírions são grandes e complexos, o mecanismo associado com a montagem do vírion é basicamente desconhecido. Os vírions são liberados da célula por gemulação.
- Os vírus desta família possuem ao menos 10 antígenos principais, com um antígeno nucleoproteico comum, responsável pela reatividade cruzada entre espécies.
- Há ao menos 10 enzimas virais contidas no interior da partícula viral, muitas das quais têm função no metabolismo do ácido nucléico e na replicação do genoma.
- Os poxvírus permanecem viáveis em crostas de feridas por longos períodos.
- Alguns (principalmente os orthopoxvírus) produzem hemaglutininas que aglutinam as hemácias.
- Inclusões eosinofílicas chamadas de corpúsculos de Guarnieri podem ser produzidas em células/tecidos infectados.
Figura 10-1. Poxviridae (220 - 450 x 140 - 260 nm). Estão indicados os túbulos de superfície, o envelope (presente apenas quando os vírions já saíram da célula), o núcleo bicôncavo que circunda a nucleoproteína, e os corpúsculos laterais (função desconhecida).
Classificação
A família Poxviridae é constituída por duas subfamílias: Chordopoxvirinae (poxvírus de vertebrados) e Entomopoxvirinae (poxvírus de insetos).
Há oito gêneros na subfamília Chordopoxvirinae. Eles são, com doenças significativas, os seguintes:
Orthopoxvirus:
Vaccinia
Varíola
Varíola bovina
Varíola felina
Varíola eqüina
Varíola dos camelos
Varíola dos búfalos
Varíola dos macacos
Parapoxvirus:
Estomatite Papular Bovina
Ectima Contagioso / Orf
Pseudo-varíola bovina / nódulos do ordenhador
Ectromelia infecciosa / varíola do camundongo: uma doença importante de camundongos silvestres e de laboratório
Capripoxvirus:
Varíola ovina
Varíola caprina
Dermatose nodular contagiosa
Avipoxvirus:
Varíola aviária
Leporipoxvirus:
Mixomatose
Fibroma do coelho e do esquilo: tumores benignos; hospedeiro natural: o coelho-de-cauda-branca (cottontail rabbit)
Molluscipoxvirus:
Molusco contagioso: uma doença comum de crianças
Suipoxvirus:
Varíola suína
Yatapoxvirus:
Vírus do Tumor do Macaco de Yaba e vírus relacionados
Infecções por poxvírus: Geral
Os poxvírus infectam a epiderme e produzem lesões focais que freqüentemente tornam-se proliferativas e mais tarde necróticas. Raras infecções generalizadas podem ser fatais.
Os poxvírus ocorrem naturalmente na maioria das espécies veterinárias, com exceção do cão. Muitos poxvírus produzem uma infecção que resulta em alterações convenientemente resumidas em ordem de desenvolvimento como pápula, vesícula, pústula e, finalmente, crostas ou cicatrizes. Infecções bacterianas secundárias não são incomuns. A recuperação da infecção por poxvírus geralmente é seguida por imunidade de longa duração.
Muitos poxvírus podem ser cultivados na membrana cório-alantóica de embriões de galinha produzindo lesões focais ou "pústulas" e a maioria pode desenvolver em cultivos celulares.
Devido ao seu grande tamanho, os poxvírus podem ser visualizados com microscopia óptica em esfregaços corados. Corpúsculos elementares virais corados por vários procedimentos, incluindo Gutstein e Giemsa, podem ser prontamente visualizados como agregados (inclusões citoplasmáticas acidófilas) ou isoladamente.
Os poxvírus podem sobreviver por anos na poeira.
Alguns poxvírus que acometem mamíferos são considerados oncogênicos e têm sido associados com hiperplasia epidérmica e fibromatosa.
Orthopoxvírus
Vírus Vaccinia
Este poxvírus, como o vírus da varíola bovina, é um Orthopoxvírus.A vacina original para prevenir a Varíola humana foi preparada a partir de vírus isolado do úbere de vacas com "varíola bovina". A cepa do vírus vaccinia da vacina atual difere consideravelmente daquela da varíola bovina. A origem do vírus vaccinia não é clara. Tem sido sugerido que o vírus evoluiu do vírus da varíola bovina, ou como um recombinante do vírus da varíola bovina e do vírus da varíola.
Os vírus vaccinia e da varíola têm aproximadamente 150 genes em comum (diferindo em mais que 30 genes) e são antigenicamente similares, o que é a base para a vacinação com vaccinia para prevenir as infecções por varíola. A varíola apresenta uma faixa limitada de hospedeiro (infecta apenas humanos), ao passo que a vaccinia apresenta uma faixa de hospedeiros muito maior. As razões para essas diferenças na faixa de hospedeiros não estão completamente compreendidas. A replicação do vírus vaccinia também é mais localizada.
Quando o vírus vaccinia era usado como vacina, havia contágio ocasional de humanos para vacas com o desenvolvimento de lesões nas tetas.
Uma complicação rara da vacinação contra varíola é a encefalite pós-vacinal. Os poxvírus têm sido usados como um vetor para vacinas contra outras infecções virais. As vacina francesa oral contra raiva para raposas é um poxvírus recombinante que expressa a glicoproteína G (gG) do vírus da raiva. Os poxvírus também estão sendo considerados como vetores para outras proteínas virais.
Não podemos esquecer a notável contribuição de Jenner (1796) com a vacinação efetiva de humanos contra a varíola usando vírus da varíola bovina. Os experimentos de Jenner são considerados um marco na moderna vacinologia.
Vírus da varíola
Este vírus, que pertence ao gênero Orthopoxvirus, é a causa de doença freqüentemente fatal de humanos, a varíola. Esta doença foi finalmente erradicada na população mundial em 1977. Estoques do vírus da varíola são mantidos em laboratórios centrais nos EUA e na Rússia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado a destruição desses estoques existentes do vírus. Há uma grande preocupação de que o vírus da varíola possa ser usado como uma arma biológica por terroristas. A recente preocupação com o bioterrorismo levou os EUA a vacinar as pessoas contra a varíola.
Foi recentemente demonstrado que primatas são suscetíveis à varíola e assim podem ser usados para o teste de fármacos antivirais.
Varíola bovina
Causa
Vírus da varíola bovina (orthopoxvírus).
Ocorrência
Hospedeiros adicionais são seres humanos e vários animais, incluindo grandes felídeos, gatos domésticos (veja a varíola felina abaixo), tamanduás e roedores. Os últimos são considerados os hospedeiros reservatórios naturais.
A varíola bovina ocorre esporadicamente em vários países da Europa Oriental e Ocidental, mas considera-se não existir a doença na América do Norte.
Transmissão
Ordenhadores e ordenhadeiras são os principais meios de propagação. Insetos também servem como vetores mecânicos para o vírus.
Aspectos Clínicos e Patológicos
O vírus da varíola bovina produz o que é geralmente uma infecção benigna do úbere e tetas. Pápulas são vistas inicialmente, seguidas por vesículas, que se rompem levando à formação de crostas de feridas. As crostas caem em aproximadamente duas semanas. Perdas na produção de leite resultam da sensibilidade das tetas afetadas e também da infecção bacteriana secundária, que pode complicar a doença e contribuir para o desenvolvimento da mastite.
Diagnóstico
- Amostras clínicas: fluido vesicular, crostas de feridas e raspados das lesões.
- É difícil distinguir clinicamente varíola bovina da pseudo-varíola bovina e outras infecções das tetas.
- O diagnóstico é mais facilmente confirmado através do exame de lisados em água destilada de material de lesão por microscopia eletrônica. Os Orthopoxvírus têm forma de tijolo ("brick-shaped"), ao contrário dos vírions da pseudo-varíola (um parapoxvírus), que têm aparência ovóide.
- O vírus Cowpox pode ser cultivado em cultivos celulares de origem bovina e humana, e na membrana cório-alantóica (CA) de embriões de galinha. O último método de cultivo também fornece um forma de diferenciar o vírus da varíola bovina do vírus da pseudo-varíola bovina, que não cresce na membrana CA. O vírus vaccinia produz cavidades menores na membrana CA que o da varíola bovina.
Prevenção
- A vacinação não é realizada.
- A prevenção é mais bem executada através de boas práticas de ordenha. Ordenhadores e ordenhadeiras podem propagar o vírus.
Importância para a saúde pública
Ordenhadores podem contrair a infecção das vacas. A infecção humana geralmente envolve uma única lesão benigna na mão ou face. Doença sistêmica grave tem sido relatada em indivíduos imunossuprimidos.
Infecção pelo poxvírus felino
(Varíola felina)
Causa
Um orthopoxvírus idêntico ao vírus da varíola bovina.
A imunossupressão devida à leucemia felina ou infecção pelo vírus da imunodeficiência felina pode aumentar muito a susceptibilidade ao vírus da varíola bovina.
Ocorrência
A infecção pelo poxvírus felino é uma doença moderadamente freqüente que ocorre na Europa e Ásia. Como mencionado para a varíola bovina, o vírus causal tem uma ampla gama de hospedeiros, incluindo felídeos selvagens (leões, guepardos, suçuaranas, etc.), além do gato doméstico. Os roedores silvestres são o reservatório natural do vírus.
A varíola bovina é uma fonte incomum para a doença felina. A maioria das infecções felinas é derivada de outro gato e, ocasionalmente, do contato com roedores silvestres.
Aspectos clínicos e patológicos
A doença é vista mais freqüentemente em uma forma crônica, porém uma forma aguda ocorre ocasionalmente e particularmente em felídeos selvagens.
O vírus causa principalmente lesões de pele, geralmente múltiplas, caracterizadas pela formação de pápulas, seguidas por vesículas, então pústulas e finalmente crostas de feridas. As lesões são distribuídas de forma aleatória sobre o corpo. Infecção bacteriana secundária pode agravar a doença e retardar a cicatrização. Casos severos podem apresentar anorexia, perda da condição corporal e desenvolver pneumonia, conjuntivite e diarréia.
A recuperação completa geralmente ocorre dentro de dois meses.
Diagnóstico
- Amostras clínicas: fluido vesicular, crostas de feridas e raspados das lesões.
- O isolamento viral não é difícil, mas é caro e demorado.
- A eletromicroscopia do material de crostas de feridas não fixadas ou biópsias para a presença do vírus morfologicamente característico é um procedimento útil.
- A coloração direta com anticorpo fluorescente da crosta ou material de biópsia é provavelmente o procedimento mais confiável e prático.
- Vários procedimentos sorológicos, incluindo imunofluorescência indireta e ELISA, são empregados para detectar anticorpos. Eles não são habitualmente utilizados para diagnóstico.
- Seções histopatológicas da pele apresentam inclusões intranucleares epidérmicas típicas.
Tratamento
- Antibióticos de amplo espectro para infecções bacterianas secundárias.
- Evitar arranhaduras provocadas pelo ato de coçar com um colar ou através da colocação de bandagens nas patas.
Importância para a saúde pública
Aproximadamente metade das infecções pelo vírus da varíola bovina em humanos (infreqüente) é considerada como adquirida de gatos. Como mencionado para o vírus da varíola bovina, a infecção humana geralmente envolve uma única lesão na mão ou face e doença sistêmica grave tem sido relatada em indivíduos imunossuprimidos.
Varíola eqüina
(Estomatite pustular contagiosa, grease-heel)
Causa
Vírus da varíola eqüina (orthopoxvírus).
Ocorrência
A varíola eqüina é uma doença rara que ocorre esporadicamente na Europa.
Transmissão
Propaga-se por contato e fômites, tais como raspadeiras, selas, arreios, etc.
Aspectos clínicos e patológicos
Pápulas, vesículas e pústulas ocorrem na pele dos lábios, narinas e membranas mucosas orais; descarga nasal, febre e salivação são características.
O curso clínico varia de aproximadamente 10 dias a um mês.
Uma infecção da quartela e da região do boleto com pústulas e crostas pode ser devido ao vírus da varíola eqüina, embora isto ainda não tenha sido comprovado. A transmissão a humanos tem sido relatada.
Diagnóstico
- Amostras clínicas: fluido vesicular, crostas de feridas e raspados das lesões.
- O diagnóstico é mais facilmente obtido através da demonstração por eletromicroscopia das partículas de poxvírus em lisados em água destilada do material da lesão.
Prevenção
A doença é tão infreqüente que medidas de controle não têm sido requeridas.
Varíola dos camelos
A varíola dos camelos, causada pelo vírus da varíola dos camelos (orthopoxvírus), é uma doença economicamente importante em países do Oriente Médio, Ásia e Norte da África.
O período da patogênese da doença é análogo a outras infecções por orthopoxvírus. As pústulas ocorrem em volta das narinas, lábios e áreas sem pêlos. A doença em camelos jovens pode ser severa com mortalidade tão alta quanto 25%; entretanto, a doença é geralmente moderada, com duração aproximada de duas a três semanas. A infecção é ocasionalmente propagada para as mãos dos condutores dos camelos.
O diagnóstico é geralmente baseado nos sinais clínicos e lesões características. Os procedimentos diagnósticos utilizados para outras doenças por orthopoxvírus são aplicáveis, porém não são freqüentemente utilizados.
Uma cepa atenuada do vírus vaccinia tem sido utilizada como vacina.
Varíola dos búfalos
Esta doença de bubalinos é causada pelo vírus da varíola dos búfalos, um orthopoxvírus que é idêntico ou estreitamente relacionado ao vírus vaccinia. A doença é análoga à varíola bovina e surtos severos têm sido relatados no sudeste da Ásia.
Varíola dos macacos (Varíola dos símios)
O vírus da varíola dos macacos (orthopoxvírus) tem causado surtos de uma doença variolar menor em macacos cynomologus (Macaca fascicularis) e Rhesus. Embora não facilmente transmitida a humanos, casos têm sido relatados na África. A doença em humanos lembra a varíola e pode ser fatal.
No início de junho de 2003, a varíola dos macacos foi relatada em várias pessoas nos EUA. A maioria desses casos ocorreu após o contato com esquilos (prairie dogs, Cynomys spp.) de estimação que estavam infectados com a varíola dos macacos. Esse foi o primeiro relato de um surto de varíola dos macacos nos EUA. De forma distinta da situação na África, não houve mortes nos EUA atribuídas a este vírus.
Muita pesquisa tem sido realizada com o vírus da varíola dos macacos. Uma IL-4 (interleucina-4, uma citocina comum) da varíola dos camundongos foi desenvolvida pela inserção do gene IL-4 no vírus da varíola dos macacos. A IL-4 deprime a imunidade celular capacitando a IL-4 da varíola dos camundongos superar a imunidade de camundongos vacinados. Houve o receio de que essa idéia fosse aplicada ao vírus da varíola humana, o que poderia ter terríveis conseqüências para a prevenção da varíola por vacinação convencional.
Parapoxvírus
Pseudo-varíola bovina
(Nódulos dos ordenhadores, paravaccinia)
Causa
O vírus da pseudo-varíola bovina é um parapoxvírus estreitamente relacionado aos vírus que causam a estomatite papular bovina e o ectima contagioso das ovelhas.
Ocorrência
Esta doença freqüente de vacas ocorre pelo mundo inteiro.
Transmissão
A propagação é horizontal, principalmente pelas mãos dos ordenhadores, revestimento das teteiras das ordenhadeiras e outros fômites.
Aspectos Clínicos e patológicos
A pseudo-varíola bovina é caracterizada pela formação de pápulas vermelhas brilhantes, seguidas por vesículas, crostas de feridas e nódulos no úbere e tetos das vacas, com uma duração de várias semanas. Embora a doença propague-se lentamente, no fim todo o rebanho é afetado.
Diagnóstico
- Amostras clínicas: fluido vesicular, crostas de feridas e raspados de lesões.
- Um diagnóstico laboratorial rápido pode ser obtido através do exame de lisados em água destilada de material da lesão por microscopia eletrônica.
- O vírus replica-se em uma variedade de cultivos celulares, porém, diferente do vírus da varíola bovina, não pode ser propagado na membrana CA de embriões de galinha. Inclusões intra-citoplasmáticas podem ser vistas.
Figura 10-2. Inclusões intra-citoplasmáticas da pseudo-varíola bovina.
Prevenção
- A vacinação não é realizada.
- Práticas de higiene da ordenha ajudam a controlar a doença.
Significância para a saúde pública
A infecção pode propagar-se para as mãos dos ordenhadores com a produção de lesões similares àquelas da doença bovina.
Estomatite papular bovina
Causa
Vírus da estomatite papular bovina, um parapoxvírus parapoxvírus estreitamente relacionado aos vírus do ectima contagioso e da pseudo-varíola bovina.
Ocorrência
Ocorre freqüentemente no gado pelo mundo inteiro. Há relatos de que algumas cepas do vírus infectam ovelhas e cabras.
Transmissão
Por contato direto e fômites.
Aspectos clínicos e patológicos
É uma doença moderada de bovinos geralmente até os dois anos de idade caracterizada por pápulas proliferativas, avermelhadas e salientes, que podem ulcerar no epitélio da boca, focinho e nas narinas. Lesões podem também estar presentes no esôfago, abomaso e rúmen.
Histologicamente há hiperplasia da mucosa do órgão afetado com inclusões intracitoplasmáticas.
Diagnóstico
- A maior importância da estomatite papular bovina é a sua semelhança com a febre aftosa e a estomatite vesicular, das quais deve ser diferenciada.
- Amostras clínicas: raspados de lesões.
- O diagnóstico é geralmente baseado em lesões macro e microscópicas.
- Uma confirmação laboratorial rápida pode ser obtida através do exame por microscopia eletrônica de lisados em água destilada do material da lesão.
- O vírus replica-se em uma variedade de cultivos celulares bovinos, produzindo alterações citopáticas, incluindo inclusões citoplasmáticas.
Prevenção
Práticas de higiene da ordenha.
Significância para a saúde pública
A infecção das mãos do ordenhador com lesões similares àquelas causadas por estomatite papular bovina tem sido relatada.
Ectima contagioso
(Boca pustulosa ou ulcerada, Orf, dermatite pustular contagiosa)
Causa
Vírus do ectima contagioso, um parapoxvírus que em muito se assemelha aos vírus da pseudo-varíola bovina e estomatite papular bovina.
O ectima contagioso (EC) das cabras é causado por um vírus antigenicamente distinto, que não reage de forma cruzada com o vírus do EC das ovelhas.
Ocorrência
Hospedeiros do EC são as ovelhas, cabras, vários ruminantes silvestres, e seres humanos. É uma doença importante, altamente contagiosa, de ocorrência ampla principalmente em ovelhas e cabras.
Transmissão
Propaga-se por contato direto e fômites. Insetos podem desempenhar algum papel como vetores mecânicos.
Aspectos clínicos e patológicos
A doença é caracterizada clinicamente pelo desenvolvimento de lesões semelhantes a pústulas nos lábios e narina e, menos freqüentemente, em outras partes da boca e no úbere, tetos, vulva e coroa do casco. Os animais afetados freqüentemente mostram uma piora da condição dos cascos e perda de peso. As perdas são raras, mas podem ocorrer em cordeiros jovens devido à dificuldade na alimentação.
Veterinários e funcionários que manejam as ovelhas devem evitar o contato com material infeccioso.
Diagnóstico
- Amostras clínicas: material de lesão.
- O diagnóstico geralmente é feito com base nos sinais clínicos e lesões.
- A confirmação laboratorial é mais fácil e rapidamente obtida através da demonstração do parapoxvírus no material de lesão por microscopia eletrônica.
- O vírus pode ser propagado em uma variedade de cultivos celulares nos quais produz um efeito citopático que se desenvolve lentamente, incluindo a produção de inclusões citoplasmáticas.
Prevenção
- Ovelhas e cabras podem ser efetivamente imunizadas com uma vacina contendo vírus vivo derivada de material de crostas. A vacina é administrada a ovelhas aproximadamente 2 meses antes do parto, através da escarificação do quarto traseiro (axila). Cordeiros não são vacinados, a menos que haja um surto.
- Deve-se tomar cuidado ao utilizar a vacina, visto que é infecciosa para humanos.
Significância para a saúde pública
As lesões em seres humanos, embora mais proliferativas, são similares àquelas nas ovelhas e ocorrem mais freqüentemente nas mãos, antebraços e face; e levam até dois meses para cicatrizar. Os linfonodos regionais podem estar doloridos e aumentados de volume.
Avipoxvírus
Varíola aviária
Causa
Vírus antigenicamente relacionados da varíola aviária, do gênero Avipoxvirus.
Ocorrência
Os hospedeiros são galinhas, perus, grous, codornas, faisões, canários, pombos, pardais, estorninhos e outras espécies de aves. Vírus idênticos não necessariamente afetam essas espécies, mas todos são antigenicamente relacionados. A doença é altamente contagiosa e ocorre comumente pelo mundo inteiro.
Transmissão
Principalmente por contato direto com aves afetadas e fômites, particularmente cama contaminada.
O vírus entra na pele (forma cutânea) através de abrasões mínimas ou pela picada de mosquitos; ou, a entrada pode ser via membrana mucosa oral ou nasal através de gotículas em aerossol levando à forma diftérica da varíola aviária.
Aspectos clínicos e patológicos
A varíola aviária afeta galinhas e perus adultos e jovens mais freqüentemente durante o outono e inverno. A mortalidade é geralmente baixa, mas pode ser tão alta quanto 50% com a forma diftérica.
As lesões que lembram aquelas de outras doenças causadoras de pústulas estão normalmente presentes na crista, barbela, em volta das pálpebras, e em outras áreas sem penas. As aves geralmente recuperam-se dentro de 1 mês.
A forma diftérica é mais severa e é freqüentemente complicada por contaminação bacteriana secundária. As lesões envolvem a cavidade oral, faringe, traquéia, órbita e seios. Essa forma da doença pode ser confundida com a laringotraqueíte infecciosa, já que as lesões pustulares cutâneas típicas podem não ser vistas.
Diagnóstico
- Geralmente baseado nos achados clínicos e patológicos típicos
- A demonstração de inclusões citoplasmáticas acidófilas chamadas de corpúsculos de Bollinger (agregados) e Borrel (únicos) em raspados e cortes histológicos é significativa para o diagnóstico.
- O vírus pode ser prontamente cultivado na membrana cório-alantóica de embriões de galinha, onde produz lesões pustulares focais ou difusas.
- A eletromicroscopia de lisados das lesões em água destilada é um método rápido de diagnóstico.
Prevenção
- A vacinação é amplamente realizada em criações de alto risco. O produto mais seguro e amplamente utilizado para frangos é o poxvírus do pombo, que é altamente imunogênico, mas de baixa patogenicidade para frangos. Este é propagado em ovos embrionados e administrado com uma aplicação na prega da asa ou por pincelamento em folículos sem penas.
- Recomenda-se a vacinação durante as primeiras semanas de vida, com revacinação entre as 8 a 12 semanas.
- Os perus são geralmente vacinados com 2 a 3 meses de idade com uma vacina para varíola utilizada para frangos pelo método de aplicação na coxa.
Varíola dos canários
As infecções com avipoxvírus estreitamente relacionados ocorrem ocasionalmente em muitas espécies de aves; entretanto, a forma vista em canários é particularmente severa, com a mortalidade alcançando algumas vezes 100%. A doença é freqüentemente sistêmica, e corpúsculos de inclusão podem ser vistos no fígado, glândulas salivares, pâncreas e outros órgãos. Não há vacina efetiva.
O vírus da varíola dos canários tem sido usado como um vetor para vacinas animais, incluindo a Doença do Oeste do Nilo em eqüinos e a cinomose em cães.
Capripoxvírus
Dermatose nodular contagiosa
(Lumpy Skin Disease, vírus Neethling)
Causa
Vírus da Dermatose nodular contagiosa, um capripoxvírus.
Ocorrência
A Dermatose nodular contagiosa é endêmica no continente africano com maior prevalência nas regiões central e sul.
Os principais hospedeiros são os bovinos, mas também o búfalo, a girafa e a impala; animais de todas as idades são suscetíveis. Um aspecto interessante da doença é que no gado não vacinado ela ocorre de forma epidêmica a cada 5 - 6 anos.
Transmissão
Acredita-se que o vírus propague-se mecanicamente através de moscas picadoras.
Aspectos clínicos e patológicos
O período de incubação é de, geralmente, duas a quatro semanas. Alguns animais podem estar infectados de forma subclínica ou apenas mostrar uma resposta febril branda com poucas lesões de pele.
Os sinais clínicos incluem febre, lacrimejamento e descarga nasal. Os mais severamente afetados podem desenvolver numerosos nódulos em grandes áreas da pele e nas membranas mucosas do olho, região nasal, boca e genitália. Os nódulos podem tornar-se necróticos levando a infecções bacterianas secundárias. A morbidez pode ser tão alta quanto 20%, mas a mortalidade é geralmente baixa.
Diagnóstico
- Amostras clínicas: biópsias (frescas e fixadas) das lesões.
- Achados macro e microscópicos são sugestivos.
- O achado de poxvírus típicos no material de lesão por eletromicroscopia é muito sugestivo, mas a confirmação requer o isolamento viral (células de cordeiro) e a identificação do vírus por eletromicroscopia e/ou métodos imunológicos.
- Uma prova de ELISA de captura de antígeno também pode ser utilizada na detecção do vírus.
- Anticorpos podem ser determinados por imunofluorescência indireta, vírus neutralização e Western blot.
Prevenção
- Esta é uma doença de relato obrigatório. As instituições regulatórias estaduais e federais devem ser informadas caso tenha-se suspeita de dermatose nodular contagiosa.
- Vacinas com vírus vivo modificado são utilizadas, bem como uma cepa viva atenuada do vírus da varíola das ovelhas.
Varíola das ovelhas e cabras
Causa
Vírus da varíola das ovelhas (capripoxvírus). Há algumas diferenças nos vírus envolvidos e uma distinção algumas vezes é feita entre os vírus que causam predominantemente varíola das ovelhas e os que causam varíola das cabras. Nossa discussão assumirá que as doenças são essencialmente similares nos aspectos clínicos.
Ocorrência
A varíola das ovelhas e cabras ocorre na África, sudeste da Europa e Ásia.
Transmissão
A propagação é por contato direto e fômites.
Aspectos clínicos e patológicos
A varíola ovina (caprina) é a varíola mais severa dos animais domésticos. A infecção é generalizada e as taxas de mortalidade podem exceder 50% em cordeiros jovens e cabritos. As lesões da varíola ocorrem na pele e nas membranas mucosas dos tratos respiratório e digestivo. Animais severamente afetados freqüentemente desenvolvem pneumonia.
Diagnóstico
- Amostras clínicas: material de lesão (crostas, líquido).
- Um diagnóstico altamente presuntivo é baseado nos sinais clínicos e lesões. A confirmação é mais fácil e rapidamente obtida pela demonstração eletromicroscópica do poxvírus em lisados em água destilada do material de lesão. Os vírions são morfologicamente similares aos orthopoxvírus, com a forma de “ladrilho”, ao contrário dos vírions do ectima contagioso (um parapoxvírus), que têm aparência ovóide.
- Inclusões intracitoplasmáticas eosinofílicas são observadas nas células da pele.
- O vírus pode ser propagado em cultivos celulares derivados de cabras, ovelhas e bovinos.
- Uma prova de ELISA de captura de antígeno também pode ser usada na detecção do vírus.
- Outros procedimentos sorológicos, incluindo a prova da imunofluorescência indireta e a vírus neutralização, são usados para detectar anticorpos, mas não são costumeiramente utilizados para o diagnóstico.
Prevenção
- Vacinas de vírus vivo modificado e vírus morto são usadas em áreas onde o vírus é endêmico.
- A doença é de notificação obrigatória na América do Norte e em outros países onde não ocorre. Surtos são controlados mediante quarentena estrita e eutanásia.
Suipoxvírus
Varíola suína
Causa
Vírus da varíola suína (suipoxvírus).
Ocorrência
A doença tem distribuição mundial, sua incidência nos Estados Unidos é baixa.
Transmissão
O vírus é mecanicamente transmitido pelo "piolho do porco", Hematopinus suis, e por contato.
Aspectos clínicos e patológicos
A morbidez é geralmente alta em leitões.
Uma febrícula transitória ocorre no início da enfermidade. As lesões típicas da varíola (pápula, vesícula, pústula e crosta) são vistas envolvendo a pele do abdômen, dorso e das laterais. No abdômen inferior, lesões com centros escuros hemorrágicos são características. A doença geralmente segue seu curso clínico sem efeitos sérios.
Infecções congênitas raras podem ocorrer com lesões típicas no crânio e na cavidade oral de recém-nascidos.
Diagnóstico
- A doença geralmente é diagnosticada clinicamente, mas pode ser confundida com outras doenças de pele como a sarna.
- A confirmação da varíola suína é facilmente realizada pelo exame eletro-microscópico de lisados em água destilada de lesões.
- O vírus pode ser cultivado, em cultivos de células de rim suíno, mas não na membrana cório-alantóica (CA) de embriões de galinha. Corpúsculos de inclusão citoplasmáticos eosinofílicos são vistos nas células epiteliais dos animais afetados.
- Em alguns países, o vírus vaccinia causa uma doença em suínos que se parece muito com a varíola suína. O vírus vaccinia pode ser distinguido do vírus da varíola suína por métodos sorológicos (são antigenicamente distintos), e pelo fato de que ele pode crescer na membrana CA de embriões de galinha.
Prevenção
- Não se pratica a vacinação.
- A eliminação de piolhos e a sanitização básica são as principais medidas de controle.
Leporipoxvírus
Mixomatose
Causa
Mixoma vírus (leporipoxvírus).
Ocorrência
A mixomatose é endêmica em várias espécies de coelhos silvestres (Sylvilagus) em algumas áreas da América do Norte e do Sul e em algumas espécies de lagomorfos silvestres do gênero Oryctolagus,na Europa, América do Sul e Austrália.
Transmissão
Através do contato direto e, mecanicamente, por insetos picadores.
Aspectos clínicos e patológicos
Em lagomorfos (ex.: tapitis) do gênero Sylvilagus, o vírus apenas causa tumores localizados na pele, mas no coelho europeu (Oryctolagus cuniculus) ele produz uma infecção generalizada severa com alta mortalidade.
Os sinais clínicos iniciais são edema em volta dos olhos e conjuntivite seguida por descarga nasal e inchaço em volta do nariz, boca e outros orifícios corporais. Esses aumentos de volume tumorais (mixomas) podem eventualmente aparecer sobre todo o corpo.
Histologicamente, mixomas são tumores de tecido conjuntivo que consistem de células grandes semelhantes a estrelas ("células do mixoma" ou mixomatosas) embebidas em uma matriz mucóide suave.
Após a introdução inicial a uma região não infectada ou país (a Austrália foi o caso), as perdas devido a mortes são devastadoras, tão altas quanto 90%, mas a doença no final torna-se endêmica com uma baixa taxa de mortalidade.
Diagnóstico
- Amostras clínicas: nódulos de pele frescos e fixados em formalina.
- O diagnóstico é geralmente baseado nos sinais clínicos e nas lesões características macro e microscópicas.
- O vírus pode ser propagado em uma variedade de cultivos celulares e em ovos embrionados inoculados via membrana cório-alantóica. O vírus é antigenicamente relacionado aos vírus do fibroma do coelho e do esquilo.
Prevenção
- A prevenção é melhor realizada através do alojamento de coelhos domésticos em áreas teladas para prevenir a introdução do vírus através de insetos picadores.
- A vacinação com o vírus do fibroma dos coelhos (fibroma de Shope), que é proximamente relacionado, é realizada na Europa.
Glossário
ELISA de captura de antígeno:
Nesse método, o anticorpo específico é usado para ligar (ou capturar) qualquer antígeno viral que possa estar presente na amostra. A presença de qualquer antígeno capturado é então detectada.
Macacos cynomologus:
do sudeste da Ásia, Borneo e Filipinas. Os macacos Rhesus são da Índia.
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Affiliation of the authors at the time of publication
1Professor Emeritus of the Department of Medical Sciences and Pathobiology, Virginia-Maryland Regional College of Veterinary Medicine, Virginia Tech, Blacksburg, Virginia, USA; 2Department of Biology, Concord University, Athens, West Virginia, USA.
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